Preciso te dizer uma coisa. Vai parecer banal, desnecessário. A princípio, você não vai compreender minha mensagem. Não vou falar em códigos. Apesar disso, creio ser difícil entender minha intenção, e o verdadeiro espírito da coisa. Não quero que se assuste. Nem que fique de mim uma má impressão. Nunca quis te magoar, muito menos te desrespeitar. Abomino exposições excessivas. Você me conhece. E não é a primeira vez que pretendo ter uma conversa séria. Não é a última vez que conversaremos, também sabemos disso. Outra coisa, tudo pode ser esclarecido, desde que você esteja ciente das consequências que a verdade nos traz. Não, não vou mentir em momento algum. A não ser que você prefira uma meia-verdade que te deixe alegre. Mas minha intenção é derrubar as barreiras que andam nos separando. E para isso, é necessário um choque. Sei que estou de assustando. Não se preocupe, não é nada grave. Do meu ponto de vista, tudo tem solução - ou o que não tem remédio, remediado está. Sinta-se no direito de me responder de qualquer maneira. Ou se preferir o silêncio, saiba que ele vai me matar! E se quiser me agredir, por favor leve em consideração todo o carinho que trocamos durante todo o tempo que estamos juntos. E acho que esse tempo nos deve uma satisfação. Lembra quando éramos imaturos e bobos, quando tudo parecia muito fácil? Pois então, hoje a maturidade nos trouxe a um nível de complexidade onde cada dia a bobeira se transforma numa teia de complicações, onde o tempo é nosso maior inimigo. E por falar em inimigo, lembre-se de que nossa amizade vem sempre em primeiro plano.
Essa pode ser nosso último encontro, e não temos muito tempo. Chega uma hora em que o eletivo se torna urgência. O que poderia ser adiado está gritando para ser resolvido. E não bastam gestos, carícias, ou qualquer outro tipo de agrado. Se tornaram falsas esperanças. Aliás, fico na dúvida se palavras, sejam elas bem ditas ou escritas, serão úteis para expressar o que penso. Não custa tentar, não é?
Bem, vamos ao que interessa. Eu te amo. É impressionante como essa frase traz embutidas tantas vertentes, emoções, dores, e uma infinidade de outros efeitos. E um infinito de "poréns". Pois então, é sobre esse porém que vou falar. Minha cabeça anda muito confusa. Há um tempo que não sinto o mesmo amor por você. Ele cresceu, amadureceu, tomou outra forma, outro contexto, outro tempero. E com isso, ficou mais complicado. Como eu já disse, o tempo é o vilão. E vou desmentir isso. Os vilões somos nós, que não acompanhamos o ritmo do tempo. Quando ele voa, estamos de braços cruzados. E quando nos empolgamos, reclamamos que o tempo não passa. E isso aconteceu com a gente. Na hora que resolvíamos dar um upgrade na relação, nossos relógios rodavam em sentidos opostos. Voltando ao nosso amor. Ele deveria ser atemporal e incondicional, mas isso só existe entre pais e filhos (e olhe lá!). Mas os relacionamentos afetivos sempre exigem condições. Não sei mais quais são as suas, e onde estão as minhas.
Vou direto ao ponto e vê se não infarta: estou te traindo. Nunca fui assim, e não faço ideia do que anda acontecendo comigo,com meu corpo. Talvez seja carência. Independente do que for, o que importa é que nossa relação está a ponto de falência. Só que não admito declarar isso. Não aceito o fim, meu orgulho não me permite sair por baixo. Mesmo infiel, não me sinto culpado. Posso estar errado, sim. Sei que te decepciono agindo assim. E te peço perdão. Não quero ser desonesto. Por isso quero deixar claro que aprecio todo o esforço que você se empenhou em fazer para salvar nossa relação. Ainda te amo, e não imagino minha vida sem você. Não quero a vida de solteiro, e meus planos de me casar com você são fortes e sólidos como concreto. Sim, estou muito confuso. Já falei isso. E repito. Estou numa tormenta de sentimentos ambivalentes. Espero que me permita procurar ajuda. Não me ajude. Sua mão já está machucada de tanto me segurar. Dessa vez sou eu que vou levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Não é assim que diz a música?
Por agora é isso. Aceite ou não, é a mais pura verdade que te ofereço. Cruel, mas inevitável.
Não apague tudo o que disse antes do choque. Não guarde apenas a frase que te esfaqueou.
Eu te amo.
Me perdoe.
p.s: você deve imaginar quantos rascunhos escrevi até chegar na maneira mais perfeita de te contar a verdade, com o mínimo de danos. Por favor, não me julgue por quem sou hoje, apenas. Sempre vou te amar, não importa sua reação.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)

Nenhum comentário:
Postar um comentário