domingo, 22 de abril de 2012

LIGHT PROFUSION, parte 2 - Anestesia

Outro dia baixei a música do Bruno Mars, It will rain. O primeiro verso é assim: "se um dia você me deixar, baby, deixe um pouco de morfina na minha porta". O que será tão apelativo quanto usar um analgésico tão potente para aliviar a dor da perda? Me ponho a pensar... acho impressionante como as pessoas perderam a noção do amor. E é triste perceber que cada vez mais o mundo é anestésico. Vamos injetar morfina pra esquecer as paixões! Vamos tomar suplemento para alimentar a carência! Vamos aplicar lidocaína para não sentir medo, nem compaixão, nem admiração! Vamos distribuir propofol para não se usar mais o raciocínio! Ibuprofeno para desinflamar o coração partido! Alprazolam para matar a ansiedade, ao invés de enfrentar os problemas! Lexotan pra fugir da realidade! Fluoxetina para viver mais feliz, no país das maravilhas! Vamos distribuir todos esses medicamentos nas praças, nas igrejas, nas empresas, nas escolas! Até na porta das casas, num pacote escrito: "Para nossa alegria!"
Nem é preciso tomar tal atitude. A sociedade já se auto-medica de frustrações dos sonhos não realizados,  de ignorância à dor alheia, de egoísmo conjugado à vaidade desenfreada, de estresse consequente da pressa, de intolerância às opiniões divergentes, e de tantas outras drogas que nos fazem cada vez menos apaixonados pela vida.
Cada vez menos se conhece as pessoas. Não é seguro mais se abrir, se envolver e se doar com qualquer um. O medo se espalhou igual a dengue, mas sem precisar de um mosquito como vetor. Nós mesmos transmitimos. E do medo se evolui para a angústia. E daí pra frente, o fundo do poço é o destino final. Os Parafraseando um amigo meu, "a esperança é a última que morre, porque ela nos mata antes". Quem espera, não anda pra frente. Mas o mundo não pára de girar. O tempo não pára. Quem espera fica pra trás. E quem vive se anestesiando, na verdade está fingindo viver. E não há nada mais triste do que uma vida vazia e falsificada. Prefiro sentir, rir e chorar; prefiro quebrar a cara experimentando; prefiro me apaixonar sem esperar nada em troca; prefiro me dilacerar em vários fragmentos para depois uni-los; prefiro a tranquilidade de perceber que o tempo está passando e eu estou seguindo o caminho que tracei.
Pelo menos, não estou anestesiado.

"Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra
Nos serões da província..."



quarta-feira, 11 de abril de 2012

LIGHT PROFUSION, parte 1

É impressionante como se organiza e desorganiza a mente humana. E é maravilhoso! É sensacional perceber que no caos se encontra o equilíbrio. Quando tudo está sombrio, qualquer luz se faz brilhante. E quando seguimos o que nossa intuição orienta à nossa inteligência, as peças vão se encaixando, formando imagens e cenas cada vez mais sensatas. Qualquer jogo demonstra isso com clareza. O da sedução, por mais cruel que seja, nos introduz num labirinto obscuro, onde existe fantasia, ilusões, oásis, pecado... e depois vem a paixão, nos cegando a sensatez de discernimento. A vaidade nos engana, brincando com a nossa capacidade de diferenciar o que é real, o que não faz parte de si próprio, e o que o sedutor significa. É nesse caos que devemos ser sagazes, para esclarecer onde está o amor. Se ele é amor-próprio nos despindo e vestindo o outro, ou se é amor recíproco, em que ambos vestem suas próprias roupas. Já falei sobre liberdade, e hoje repito que nada nos faz livre senão o auto-conhecimento. E é preciso caminhar entre as trevas para saber o que é a luz. É preciso se machucar para aprender o que é dor. E é preciso se apaixonar para se doar, compartilhar e depois voltar a si mesmo. A paixão nada mais é do que um caminho tortuoso para dentro de nós mesmos, enquanto achamos que estamos caminhando para fora. Quanto mais se insiste em se apaixonar, maior é o desejo por si mesmo. Maior é a sede quanto mais caminhamos no deserto em direção ao oásis. E digo mais: o oásis somos nós. A beleza que vemos no outro nos reflete. E é assim que a sedução nos ilude. É assim que, no momento de perversão, é perigoso arriscar e acabar se enganando, se afogando no reflexo de si mesmo no lago.
Hoje sou Narciso. E não há nada mais belo do que se olhar no espelho e se sentir amado - por si mesmo.
Não tenho mais medo de me amar. Se um dia eu me decepcionar, não tem problema. Não vai ser a primeira vez.
Um dia ainda me perdoo por todos os meus erros e defeitos. É assim que se renova o caos, transformando as trevas em luz. E nesse ritmo de light profusion...
Viva a liberdade!

sábado, 7 de abril de 2012

Goodbye yellow brick road


Dorothy me ensinou muito quando foi atrás da cidade Esmeralda para encontrar o grande mágico de Oz e realizar seus sonhos.
Todos nós temos uma estrada de tijolos amarelos a percorrer.
No caminho encontramos amigos para nos acompanhar, cada um com seu defeito próprio.
E os obstáculos começam nas encruzilhadas. Surge uma bruxa boa e uma má.
Vamos seguindo de acordo com nosso discernimento.
Alguns não pensam direito, como o Espantalho
outros, frios como o Homem de Lata
outros, medrosos como o Leão
e outros, ainda, ingênuos como a Dorothy
E há aqueles que são tudo isso junto.
Se temos em quem nos apoiar, conseguimos ultrapassar os obstáculos
(até mesmo uma intoxicação por papoulas)
No fim, somos capazes de conquistar nossos objetivos
Mas o que o grande mágico diz, afinal?
Que não há lugar melhor do que a nossa casa!
Ou seja: não somos nada sem nossa família.
(amigos também são incluídos aqui)

Apesar de tudo isso ser uma bela lição, a lição maior não é essa...
A história reflete como somos dependentes dos outros para crescer.
Mostra como nos apegamos às pessoas e às coisas.
E onde fica a independência?
Hoje é dia do desapego.
Como diz a música... "freedom comes when you learn to let go
creation comes when you learn to say no"
Vamos deixar as pessoas irem embora
Vamos dizer não ao que não nos acrescenta

Hoje é dia que Jesus ressuscita.
E eu tento me re-inventar.
Aos poucos vou me libertando do apego.
Aos poucos vou identificando o que realmente me engrandece.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O silêncio

Silêncio. Palavra difícil de se interpretar, de se aceitar, de se praticar e de se criticar.
Quando alguém fica em silêncio, pode-se pressupor várias hipóteses
"Quem cala consente"? ou "Quem não se expressa não quer se posicionar"?
Quem se silencia exerce um poder que nem imagina estar praticando
Aliás, o silêncio é uma tática que eu diria perturbadora, porque quem espera uma resposta e recebe o silêncio, fica desnorteado...
Vamos praticar o silêncio.
Nas horas difíceis, quando não se sabe o que dizer, ficar calado é a melhor postura
O silêncio é a melhor forma de se dizer adeus
E não dizem que ele vale mais que mil palavras?
Pois então, não se deve perder a oportunidade de ficar calado...
Para os religiosos, o silêncio é uma prece
Afinal, Deus sempre agiu sem fazer barulho!
É por essas e outras que hoje tomei uma decisão:
Vou agir em silêncio.
Digo adeus a quem não me responde;
Rezo, sem perder o meu norte;
Gero dúvidas e valorizo minhas palavras.
E acabo com o clichê.
Palavras são apenas palavras
Mas o silêncio, uma arte elaborada
Não me pergunte nada, pois não irei responder...
Interprete meu silêncio, ele saberá te explicar o que sinto.
Se é que isso vai ser necessário...